sexta-feira, setembro 23, 2005

Virtual

A possibilidade de duas pessoas conversarem em tempo real e se verem mutuamente no écran de computador alterou por completo as possibilidades de relacionamento sexual – e alterou, portanto, rotinas, comportamentos, práticas, efabulações. Duas pessoas que começam por trocar uns mails inocentes sobre o espaço do onírico em José Saramago, e sobre o gestualismo em Kieffer e Pollock, vai-se a ver e acto contínuo, zás, aí estão elas a vir-se no éter uma com a outra, aos gemidos (não podendo no entanto limpar-se com a mesma toalha, tendo cada um dos parceiros que fazer uso da sua própria - isto tem sempre as suas limitações).

Ora um leitor arguto escreveu-nos teorizando sobre as semelhanças entre esta prática que parece começar a ganhar adeptos crescentes pelo mundo afora e aquilo que aqui essencialmente nos move – a procura do prazer num plano fora do tempo e já liberto do peso do corpo. Que, nessa perspectiva, o sexo virtual e a sublime laustríbia acabavam por equivaler-se: que em ambos os casos se busca o prazer; que em ambos os casos nos libertamos do peso do corpo.

Nada mais errado, claro. Quem fode pela internet não faz mais que tocar uma punheta tecnológica. Vejamos:

[aceitam-se propostas na caixa de comentários para continuação de conversa]

quinta-feira, setembro 22, 2005

Pecador me confesso

A Arte do Segredo a isso nos leva: ao sublime prazer já quase afastado do tempo e da matéria - de tão desprendido que fica do peso dos corpos. O carai é que tudo releva do corpo, da matéria porosa de que lentamente os sectários procuram distanciar-se: da curva dos ombros, da cintura, da copiosa perna, do seiozinho fabular. Por isso às vezes apetece tanto a foda, o desentranço - quando estamos fracos, quando por um instante descremos. É esse o dilema - ou é esse o perigo da remissão: entre a pulsão e a pulsação.

Seja como for: a regra só existe com a ressalva: a foda, de tempos a tempos, nas pausas de me entregar de todo à laustríbia singular, é a minha punheta. Confesso. Mas isso também, esse estorvo, no caminho da perfeição, e em seu nome, procuro corrigir. Juro pela coca-cola e pela TVI.

quarta-feira, setembro 21, 2005

Ainda os colégios internos e o método científico

Alguém muito preocupado com a educação dos filhos chegou à Seita via Google à procura de conselhos ou referências sobre «colégios internos». Mais um que salvámos – é o que, orgulhosos, nos apetece de imediato dizer. Veja-se nos arquivos – e compreenda-se: em devido tempo discorremos sobre os colégios internos e clarificámos o quanto ali se toca à punheta e se perdem os jovens, em definitivo, para a Suprema Arte, já que o esgarçanço se reprime até à sinalização do acto prendendo-se à piroca dos internos um sininho avisador ou, nos casos mais graves, atando-se-lhes as mãos atrás das costas durante a noite - impedindo a aprendizagem que leva, ou pode levar, à laustríbia sublime. Vá lá, pois, que estamos vigilantes.

Imagine-se se não nos tivéssemos já preocupado com o assunto e o papá ou a mamã da busca fossem deparar com estoutro endereço que também lá cai, e onde se explica que «o clima santo nas escolas e colégios internos é contagiante». E um incauto assim o suporia, pois aí se acrescenta que «a pureza de espírito em nossas instituições educacionais é maravilhosa. Os livros didáticos da CASA PUBLICADORA são excelentes, abordam os temas da criação e evolução com muita sabedoria. Colocam Deus na Geografia, na história, nas ciências, pena que, proporcionalmente, tão poucas escolas utilizem este maravilhoso material e tão pouca divulgação se faz».

É uma pena, de facto – e aqui nos penalizamos do pouco cuidado que temos tido em colocar Deus na Geografia e nas ciências, sobretudo naquelas que tudo devem ao método experimental. Porque procedendo assim, metendo-se Deus em tudo, sempre teriam os internos ao seu dispor, nas estreabertas de esticarem o piroco à pressa nas casas de banho, sessões animosas em que «os cultos diários e pregações enlevam espiritualmente a todos».

segunda-feira, setembro 19, 2005

Os riapinhas da pívia

Que um gay seja perseguido ou de qualquer forma prejudicado por ser gay – é coisa do Neolítico. Que um gay venha para as avenidas das cidades, aos beijos e despindo-se ou vestindo túnicas amarelas, proclamando aos berros o orgulho em ser gay – peraí. Mal acomparado, era como se os meninos do grupinho Riapa que andam a saltitar nas caixas de comentários dos blogs, ou os seguidores da Quitéria Barbuda, que também lá andam, se fossem manifestar no Largo do Carmo a proclamar o orgulho na punheta diária que tocam às escondidas a ver revistas, salivando, com a língua de fora, arregaçando o piroco por falta de sexo propriamente dito nos intervalos de redigir manifestos de louvor ao saudoso Professor de Coimbra.

Aos Riapinhas, pois, agradece-se-lhes muito, por uma questão de higiene, que não venham para a rua com as botas da tropa, com o cabelinho rapado, com a suástica da tatuagem, muito campanudos, orgulhosos, a esgarçar nas pilas.

domingo, setembro 18, 2005

Às vezes o melhor é mesmo transcrever sem comentários adicionais

Aqui:

Para que fique mais claro

Esqueci-me das lésbicas: há quem chame às lésbicas "sapatões", coisas assim.Geralmente, são menos exuberantes, menos ridículas, no seu conjunto, as lésbicas. Ou seja, os homossexuais com fenótipo feminino são menos paneleiros, passe a simplicidade da asserção.Os homossexuais, sejam homens ou mulheres, são absolutamente respeitáveis. Chateia-me que se discuta isto, é desonesto.Já os paneleiros (que são os homossexuais orgulhosos e exibicionistas do seu orgulho) e as "fufas" (que são as homossexuais orgulhosas e exibicionistas do seu orgulho) são pouco respeitáveis. São tão pouco respeitáveis como os grunhos, que são os heterossexuais que também alardeiam orgulho da sua condição. Não faz sentido.A palavra gay é deplorável, contudo. Mas terem dado o nome de Sá Carneiro a um aeroporto também é e não vi nenhuma manifestação de desagravo na baixa do Porto.

sexta-feira, setembro 16, 2005

Post intelectual para afastar gaioleiros que aqui têm chegado pelo Google

A Arte não depende do artista. Olhamos a Obra e sabemos que o artista não foi mais que um mediador: que a Obra final é independente da sua vontade, da sua técnica, dos seus conceitos estéticos ou morais. Uma laustríbia bem esgaramanteada, próxima já do verdadeiro Segredo, depende dum Corpo que não conhecemos ainda – e nada do piroco que a mediou ou mesmo do coxame que supostamente lhe esteve na origem.

quinta-feira, setembro 15, 2005

Tenho mais que fazer

Não és tu que chegas quase sempre tarde. Eu é que desde muito cedo deixo de te esperar.

Só para rever a matéria

O corpo é sempre o objecto do desejo. Nada existe sem isso mesmo – sem o corpo, sem uma coxa ou a curvatura dos ombros, sem o sexo, sem os lábios, sem umas nádegas arrogantes, voluntariosas, indóceis. O segredo da Arte suprema do esgarçanço, no entanto, passa pela libertação desse peso, dessa materialidade rasteira e lodosa (oh, e das palavras, sobretudo de não sermos obrigados a ouvir-lhes as frases e os gemidozinhos simiescos) . Daí que a pívia possa não significar absolutamente nada no caminho do Segredo, sendo certo que tudo aí começa por se decidir no preciso instante em que o adolescente tem diante de si dois caminhos: o da vazão ao intenso pulsar do desejo, esfolando o ceguinho como quem se liberta duma doença de pele; e o da laustríbia, que parte do corpo para chegar além dele.

Os Sectários há muito que se libertaram desse pulsar em que a segóvia não é mais que uma espécie de terapia de substituição daquilo a que vulgarmente designamos por «sexo» - e que melhor se resolveria numa casa de putas de fronteira a abanar o cu e a fazer aquelas figuras que se sabe antes de puxar da carteira e apertar o cinto das calças.

quarta-feira, setembro 14, 2005

É no que dá

Já tinha lido um artigo, sim. E entretanto lá o vou confirmando na prática nem sempre me podendo desviar de ter que meter-me na cama com as moças que nos dão cabo da reputação num fósforo em a gente se desenfiando quando nos apontam as irrevogáveis garras gulosas. Quer dizer: já tinha lido num artigo que os homens heterossexuais (eu e mais trezentos e quarenta e seis) outra coisa parecem não apetecer que o sexo anal. Quer dizer: o paper dava a entender que o empreendimento era vício deles, e que elas, desditosas, lá tinham era que sujeitar-se à função que supostamente as derrengava.

Ora a minha prática (forçada e relutante, já se vê…) vem-se-me demonstrando que as meninas (oh oh) é também o que mais aspiram e outra coisa é como se já não vissem: a gente acaricia-lhes a parte interna das coxas, chupa-lhes a teta, digita-lhes o grelo começando a desinçá-las – e elas, as filhas da puta, viram-se de costas à espera que o marsúpio lhes comece mas é a fazer cócegas no olho antes do afundanço (variante: duas bombadas no pito a lubrificá-lo previamente ao enrabanço – sendo que o instrumental é fodê-las).

A isto, no século vinte e um, haveríamos de chegar: tanto liberalismo e discurso de estrado e congresso, tantos direitos, liberdades e garantias, tanto manifesto não obstante o César das Neves a advertir – que se fartaram elas de levar na rata e os marmanjos de lho afinfar…

Agora só imagino, e temo, é se o cu um destes dias começa também a dar-lhes (a eles e elas) enjoo… Onde raio tratarão de se entreter com a piroca, sendo certo que, tirante a pívia, já nem uma laustríbia sabem esgaramantear como deve de ser?

terça-feira, setembro 13, 2005

NÃO É UM RETORNO

Não, não é um retorno. Escusado será virem-se aqui amiúde à inculca de actualização. Uma lá de tempos a tempos, e ó ó, que a malta piveteira da automática estultícia, do continuado desforço, nos merece tanto desprezo quanto o dos candidatos às autárquicas a prometer rotundas a esmo incluindo nos caminhos de pé posto que se bifurcam desenhados a tracejado nas cartas topográficas do exército português. Arte, recato e temperança - o lema permanece. Arremengá-la, certo, mas apenas e quando um orgulhoso par de mamas, o Mundo ou uma coxa marota e exultante o Justifiquem. E pronto: quem aqui chegar já sabe ao que se vem.