quarta-feira, setembro 21, 2005

Ainda os colégios internos e o método científico

Alguém muito preocupado com a educação dos filhos chegou à Seita via Google à procura de conselhos ou referências sobre «colégios internos». Mais um que salvámos – é o que, orgulhosos, nos apetece de imediato dizer. Veja-se nos arquivos – e compreenda-se: em devido tempo discorremos sobre os colégios internos e clarificámos o quanto ali se toca à punheta e se perdem os jovens, em definitivo, para a Suprema Arte, já que o esgarçanço se reprime até à sinalização do acto prendendo-se à piroca dos internos um sininho avisador ou, nos casos mais graves, atando-se-lhes as mãos atrás das costas durante a noite - impedindo a aprendizagem que leva, ou pode levar, à laustríbia sublime. Vá lá, pois, que estamos vigilantes.

Imagine-se se não nos tivéssemos já preocupado com o assunto e o papá ou a mamã da busca fossem deparar com estoutro endereço que também lá cai, e onde se explica que «o clima santo nas escolas e colégios internos é contagiante». E um incauto assim o suporia, pois aí se acrescenta que «a pureza de espírito em nossas instituições educacionais é maravilhosa. Os livros didáticos da CASA PUBLICADORA são excelentes, abordam os temas da criação e evolução com muita sabedoria. Colocam Deus na Geografia, na história, nas ciências, pena que, proporcionalmente, tão poucas escolas utilizem este maravilhoso material e tão pouca divulgação se faz».

É uma pena, de facto – e aqui nos penalizamos do pouco cuidado que temos tido em colocar Deus na Geografia e nas ciências, sobretudo naquelas que tudo devem ao método experimental. Porque procedendo assim, metendo-se Deus em tudo, sempre teriam os internos ao seu dispor, nas estreabertas de esticarem o piroco à pressa nas casas de banho, sessões animosas em que «os cultos diários e pregações enlevam espiritualmente a todos».