quarta-feira, novembro 30, 2005

O amor

O amor é uma ferida que abre para dentro.

terça-feira, novembro 15, 2005

Desejo-te tanto

Desejo-te tanto que não preciso de ti: é como se vivesses em mim.

segunda-feira, novembro 14, 2005

De novo

Toco-te para que seja teu
para que te pertença de novo
o lume demorado do teu corpo.

domingo, novembro 13, 2005

Para Sempre

Que a tua mão e a minha mão por um instante se possam com fundir. Que os teus dedos e os meus dedos por um instante se possam co-fundir. Que por um instante, um instante breve, a ideia de «passagem do tempo» deixe de fazer sentido.

segunda-feira, novembro 07, 2005

Os gaioleiros, coitados

Os riapas continuam a escrever nas caixas de comentários da Seita. Que bom termos sido exactamente nós os escolhidos pelos riapinhas para assistir à sua auto-destruição em directo. Eles escrevem, escrevem, e as suas palavram ficam às vezes cinco minutos, às vezes dez, às vezes um dia, às vezes um dia e meio, assim, suspensas nestes fios frágeis do mundo virtual. Depois, como éter que são, voláteis, desaparecem para sempre (eles, riapinhas propriamente ditos, e as suas frases), como se uma entidade abstracta as excluísse (às suas frases) definitivamente, a vassoura de giesta, e as empurrase, como lixinho que são, para o balde de lixo da estória. Chega a ser comovente: meninos da outra banda em busca de conseguirem mais que soletrar banalidades tardias, muito dados à punheta de querer assim à força de bater no ceguinho mudar o mundo, a sujeitarem-se nas caixas de comentários à confirmação da sua tão patética empresa. E a nós, oh, acredite-se, não nos desagrada assistir e, mais que assistir, ser cúmplices desta espécie de implosão ideológica que só não faz barulho ao acontecer por não haver neles (riapas), nem nas suas frases, nada especial de combustível que possa sequer fazer «pum».

domingo, novembro 06, 2005

Ciclo

Ela maravilha-se com o seu próprio corpo. Desejava os outros na antevisão do prazer que teriam do seu próprio prazer. Tocava-se e lamentava-se que o mundo todo não pudesse ser testemunha desse deslumbramento.

terça-feira, novembro 01, 2005

Reconstruir

O desejo é incompatível com mordaças: físicas, morais, sociais. A não ser as que nós mesmos escolhermos para nós mesmos. Para que o desejo esteja cada vez mais próximo da razão, e para que depois a estilhace até à sua mais intrínseca pureza animal.