sexta-feira, dezembro 24, 2004

Festas, sim...

Numa altura como esta, numa quadra de paz, anjinhos pendurados no tecto da sala de jantar, missas do galo, amor e universal concórdia, uma questão se coloca: os cultores do Segredo (quer dizer: os susceptíveis à ideia de Pecado) devem ou não abdicar temporariamente da execução do rito? Exigindo-se uma resposta clara, diremos:

- sim: recomendaria a prudência que os sectários da pívia alimada, da gaiola decrépita, do arreganha-a-beiça e da conice estúrdia, por exemplo, se demitissem de excessos até, digamos, pelo menos ao dia seis de Janeiro;

- não: que a arte subtil do esgarçanço não merece censura nem mesmo, imagine-se, do Conselho Pontifício para a Família, quanto mais...

(Claro que há aqui um óbice aparente: a Igreja privilegia «o carácter esponsal do corpo» [e o esgarçanço, obviamente, fica aquém do enunciado]. Mas isso, digamos, é um fim: porque a própria castidade pode muito bem ser entendida como um estado transitório que termina exactamente no instante em que a foda é abençoada pelo sacramento – estão a ver?...)

Quanto ao resto, é o que se vê: ao Conselho Pontifício preocupa-o sobretudo a «aprendizagem do domínio de si»: ora outra coisa não ambiciona o esgarçanço...

No que respeita à punheta rasteira, claro que tropeça no requisito da «vulnerabilidade às influências emotivas» - ou «influxos negativos». Mas por essa gentinha da gaiatada já se sabe que não metemos as mãos no fogo em nenhuma circunstância...