sexta-feira, dezembro 24, 2004

Equívocos

Nós, graças a deus, estamos habituadinhos à metáfora, à perífrase, ao eufemismo, à sinédoque, à alegoria. Se pudermos dizer por meias palavras - melhor; se pudermos enrolar o discurso- melhor; se pudermos deixar a coisa em diluídas tintas - melhor; se nos pudermos ficar pela alusão – melhor ainda; se conseguirmos baralhar, confundir, ocultar – excelente. Está-nos no sangue.

Também por isso muitas discussões são ociosas quando o que nos move é mais a realidade concreta e corpórea das coisas (ai, ai, o corpórea...) e menos a filosofia, a retórica ou a dissertação.

A Seita de Fénix (como tantos outros grupos onde a ignorância, a xenofobia ou simplesmente a sobranceria moral deixou o seu ferro escarlate) conhece desde sempre estes equívocos de linguagem, a erosão das frases, o logro dos corredores dos labirintos. Mas até isso aprendeu a usar em proveito próprio (e por isso o Segredo e o esgarçanço se aproximam tanto nos seus pressupostos).