Os primeiros nomes
Despias-te sempre tão devagar. Eu tocava a medo a tua pele. Só isso recordo. A lentidão dos gestos, o tempo a suspender-se numa labareda efémera, uma palavra que não me será dado repetir. Sim, lá fora, muito branca, a luz derramava-se no cimento dos terraços. Mas o mundo começava quando me chamavas e cerravas as gelosias do quarto. Para que a sombra trouxesse de muito longe as nascentes da água, o clamor subterrâneo dos seus veios imperecíveis. Eu tocava a medo a tua pele. Como se aprendesse a respirar. Como se o lume, finalmente, pudesse ter um nome. E isso nos protegesse do inverno, da noite, do medo, do rumor da tempestade.
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