quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Agora

Que não dissesses uma palavra. Que ficasses só a olhar-me. Em silêncio. Enquanto me toco como se me tocasses. Sabendo que o lume, este vagaroso lume que se expande nos meus dedos, esta ténue deflagração do desejo, é um lume que vem de ti, dos teus nomes, dos teus modos de dizeres o meu nome. Que me visses assim, que me viesses assim, crescendo para mim mesma, até que o silêncio substituísse todas as frases, todos os livros, todas as formas de linguagem. Que ficasses só a olhar-me. Em silêncio. E que esse silêncio te fizesse cúmplice dos meus medos, da minha sede, das minhas sombras. Agora. Uma última vez.