Leveza
De todas as situações descritas por Kundera para demonstrar a complexidade das coisas do amor (cf. A Insustentável Leveza do Ser) , nenhuma nos comove tanto como a do encontro de Tereza e Sabina: olhando-se, nuas, há um instante em que o desejo as percorre de um modo irreprimível. Em boa verdade, o desejo chega-lhes por interposta pessoa: Tomas, o amante ausente. Eis, pois, uma sublime metáfora sobre a Arte do esgarçanço (sendo certo que não chegam a tocar-se uma à outra, e nenhuma a si mesma): o desejo não é perturbado pela presença material, física, concreta, do corpo que se deseja; e, portanto, permanece imune a esse peso contrário, digamos, à leveza do Ser.
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