quarta-feira, novembro 03, 2004

Laustríbia

Pedro Mexia não gosta particularmente da palavra «punheta». Prefere «clavicórdio». E aproveita para recordar uma expressão deliciosa de Alexandre O’Neill: «esgaramantear uma laustríbia». Convém explicar, no entanto, que uma laustríbia se esgaramanteia apenas em honra de um tipo muito específico de senhora: a pseudo-intelectual boazonazeca que já leu efectivamente o Ulisses e que o puxa a despróposito, citando de cor o monólogo final e insistindo que o romance libertou os prosadores de todas as antigas amarras estilísticas... Já se vê que nem sempre a coisa dá pica. Que, portanto, não se esgaramanteia uma laustríbia assim por dá cá aquela palha.

Com estas senhoras (uma vez sem emenda...) mais vale aceitar o convite para «ir lá a casa ver uma segunda edição de Gente de Dublin» e, enfim, cometê-las quando se viram de costas sussurrando-lhes ao ouvido «ai minha Molly, minha Mollyzinha Bloom, minha putinha literata...». Até se passam... E poupa-se um esgarçanço que nunca haveria de nos levar longe.