Um Livro Sagrado
Jorge Luís Borges fala do Rito do Segredo com alguma displicência, sobretudo por não existir um livro sagrado que congregue os devotos da Fénix.
Virginia Woolf (cf. As Ondas, 1931) falava em «viver no corpo», em ver «os contornos das coisas com os olhos da imaginação». Borges, no seu entendimento patético do desejo, talvez vivesse, também ele, aprisionado num corpo – ou, o que dá no mesmo, fora dele.
Ora o esgarçanço coloca-se num plano superior em que o corpo não está aprisionado nem ausente. Depois da fase pedagógica da pívia, antes da fase decadente da gaiola ritual, esgarçar a gaita é um exercício superior de física espiritualidade. E que, ao contrário do que Borges ou Virginia poderiam suspeitar, vive mais da Palavra (da palavra que se disse e se recorda, da palavra que desejaríamos que fosse dita, da palavra que é como se já tivesse sido pronunciada) do que propriamente da imagem.
E, portanto, é como se a punheta tivesse um Livro Sagrado: um Livro especial, ímpar, feito de todas as palavras do mundo que convocam o Desejo.
Virginia Woolf (cf. As Ondas, 1931) falava em «viver no corpo», em ver «os contornos das coisas com os olhos da imaginação». Borges, no seu entendimento patético do desejo, talvez vivesse, também ele, aprisionado num corpo – ou, o que dá no mesmo, fora dele.
Ora o esgarçanço coloca-se num plano superior em que o corpo não está aprisionado nem ausente. Depois da fase pedagógica da pívia, antes da fase decadente da gaiola ritual, esgarçar a gaita é um exercício superior de física espiritualidade. E que, ao contrário do que Borges ou Virginia poderiam suspeitar, vive mais da Palavra (da palavra que se disse e se recorda, da palavra que desejaríamos que fosse dita, da palavra que é como se já tivesse sido pronunciada) do que propriamente da imagem.
E, portanto, é como se a punheta tivesse um Livro Sagrado: um Livro especial, ímpar, feito de todas as palavras do mundo que convocam o Desejo.
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