terça-feira, janeiro 04, 2005

In the mood for love (2)

Nenhum ruído, nenhuma agitação acompanha os movimentos de Maggie Cheung. O tempo suspendeu-se, a água ou o lume (essa rumorosa água ainda próxima das nascentes, o vagaroso lume do crepúsculo) poisam por um instante breve nos seus ombros. E é então que compreendemos que o desejo pode ser uma ferida, uma pequena cicatriz na pele, uma voz tocada pelo vento, um sopro leve nas folhas das árvores, uma sombra efémera desenhada num pátio; quase nada; e que nada nos defende da usura dessas sucessivas vagas de silêncio.