terça-feira, dezembro 14, 2004

As «faz-mas»

Em comentário ao post anterior, para-raios interroga-se sobre se «uma outra mão, macia, quente, e bem orientada não pode ajudar».

Há aqui, meu caro, um problema conceptual: porque a verdadeira Arte do Segredo aspira à perfeição: e a matéria – o seu peso – costuma constituir-se como um obstáculo. Claro que o piveteiro, se lhas fizerem, chama-lhes um figo; claro que o gaioleiro, se lhas arregaçarem, até se passa (sendo certo que também não excluiu fazê-las a terceiros): mas, por favor, aqui preocupa-nos a Arte – deixemo-nos de paneleirices...

Já se disse que quem não fode não esgarça. Compreende-se, portanto, que ao sectário da suprema Arte, conhecendo tudo o mais, não lhe seja estranha a experiência da mão alheia: são as chamadas «faz-mas». Mas as «faz-mas» (lá está...) trazem na literatura inclusa (cf. capítulo das contra-indicações ) os mesmos óbices da foda: e o menor não será o de estarmos sempre sujeitos a uma unha do pé cortada em diagonal, a um joanete, a ter que lhes aturar os gemidos azeiteiros ou a ouvi-las dissertar sobre o amor, a resvaladice putéfia ou a conice das promessas de fidelidade imperecível (sim, filha, já tatendo...).

Portanto, é assim: uma «faz-ma», lá de tempos a tempos, vai; e às vezes, diga-se em crédito da verdade, até há lugar a boas surpresas. Agora não é o mesmo que ter a mocinha nos nossos próprios dedos, inteira, e sabermos de ciência certa que não tem a mínima hipótese de nos foder a mioleira.