terça-feira, janeiro 25, 2005

Fases

De repente, não mais que de repente, a masturbação deixava de ser um assunto tabu. Porquê? Ora nem mais: à mor dum artigo publicado numa revista científica prestigiada; estrãogeira e tudo; onde se confirma que faz bem à saúde; que reduz o risco de cancro na próstata. O pessoal começou logo a galinhar: tás a ver, tás a ver? De repente, não mais que de repente, era possível falar da masturbação em público; e a masturbação ganhava um estatuto interessante: porque fazia bem à saúde.

O esgarçanço continua a ser uma coisa «decadente, pecaminosa, grotesca» (confirmar aqui); mas faz bem à saúde; e, sendo assim – tolera-se. Ora uma civilização que prescreve a tolerância da punheta do mesmo passo, e pelas mesmas razões, que tolera o clister, o óleo de fígado de bacalhau ou a amputação em caso de isquémia arterial – está ainda na fase, digamos, cavernícola.