quinta-feira, junho 15, 2006

Como se o mundo

Às vezes é como se os mapas mentissem: como se não houvesse rios nem montanhas, como se não existissem florestas nem desertos, como se não existissem cidades ou como se em nenhuma cidade existissem ruas onde os autocarros pudessem circular de manhã a caminho dos empregos: como se o mundo fosses tu: como se tudo decorresse das tuas mãos erguendo-se, das veias salientes dos teus pulsos, de moveres as pálpebras ou ficares por um instante suspenso do rumor distante da tempestade. É isso que sinto no meu corpo: uma respiração que não é minha e que sobre todas as coisas me pertence: um estremecer da pele que só pode reverter do modo como respiras.